segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
UM LOUCO QUE ESPERA
Há por acaso quem nunca se perdeu em nenhuma divagação?
Há na Terra, eu pergunto, alguém cujo construto vingue sob todas as decepções?
É demais assumir que nãos se sabe mais quem se é no meio disso tudo que ocorreu?
Pois bem, não sei mais quem foi que se perdeu diante deste processo de mudança.
Antes era eu um arcabouço de certezas.
Minhas, tuas e quem mais cruzasse minha linha de visão.
Achei que fosse fácil entender a forma e a circunstâncias em que as pessoas vivem.
Hoje sei a duras penas que o que sei é ainda ínfimo perto de toda grandeza de se existir.
E sabe o que sei? Sei do diferente, do adverso.
Tem gente que existe em doses, em goles, em vômitos.
Tem gente que existe em abismos, cavados por si mesmos, cuja finalidade é cova mais adiante.
Tem gente que acha que vive mas na verdade morre.
Tem gente que morre quando na verdade está prestes a viver.
Tem gente que fala muito e nada faz.
Tem gente que brinca de ser Deus.
Tem gente que finge pros outros, outros pra si mesmo, numa espécie de círculo vicioso, e assim perde tempo dando voltas que nunca levam a lugar algum.
Tem quem olhe e talvez admire.
Tem quem repare sem nada fazer.
Tem quem sorri da desgraça alheia e até se esquece que há perigo bem ali na esquina.
Tem quem se ressinta, a ponto de não se envolver.
Tem quem espere... Ah esses sim...
Esperam pela boa notícia.
Esperam pela virada do jogo.
Esperam como quem sonha.
Esperam sem nada oferecer. Não que a verdade não seja de valor, mas já foi anunciada e agora é só prelúdio de um novo começo.
Esses que esperam são loucos.
Loucos por contrariarem a si mesmos.
Loucos por não serem compreendidos por ninguém.
Loucos por recusarem o mérito do orgulho, a que julgam vaidade.
Loucos por ser.
Loucos por crer.
Loucos por esperar.
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