"A
conquista é um acaso que talvez dependa
mais
das falhas dos vencidos do
que
do gênio do vencedor."
( Anne Louise Germaine Necker )
( Anne Louise Germaine Necker )
Minha
lógica hoje não mais legitima todas as minhas ações, dada a incoerência quase que latente
entre o discurso e a vivência, mas, mesmo assim, atrevo-me a compor uma base
norteadora de minhas idéias que tendenciosamente acabam por se tornarem ações,
a assim traçar indefensável registro dos meus dias. Uma construção racional.
Confesso
que a escolha da carreira profissional nunca foi objetivada diretamente pela
radiação ética que emana da civilização, ditando regras e tendências modulares,
onde o viés econômico e o status social imperam. Até onde consigo lembrar
sempre fui criativo com desenhos, textos e articulação de ideias. Se me
perguntassem na tenra idade o que queria ser quando crescesse, responderia logo
que era ser médico, devido ao descaso com que era obrigado a conviver
sempre que minha mãe fazia uso do serviço de saúde pública.
Já na adolescência, após concluir
o ensino médio, trabalhei em uma fábrica de lâmpadas incandescestes, uma micro
empresa que fabricava roupas em malha e uma gráfica, sempre atrelado aos irmãos
e parentes que “abriam as portas”. Após um período dilacerante de desemprego,
já com os sonhos que antes eram cultivados como promessas de conquistas se
transformando em tormentos em minha mente, recebi o convite de um amigo para
participar juntamente com ele do concurso para a Polícia Militar de Minas
Gerais. Ao ser aprovado, fiz um curso técnico de 11 meses onde recebi todas as
diretrizes desta nobre profissão. Me tornei um militar (com direito a todos os
estragos que ele produz na minha regulação de superego), desejei sentir mais do
que apego pela carreira militar, desejei mudar o mundo.
Antes, porém, me recordo agora,
que por não estar trabalhando naquele período, dediquei-me inteiramente a
participar de um grupo de socorro espiritual de uma igreja evangélica de onde
pertencia. O grupo atendia pessoas que sofriam por uma série de condutas e
envolvimentos adquiridos em um estilo de vida anterior ao que se propunham
doravante.
Fazíamos uma série de orações,
com imposição de mãos e declaração positiva de fé. Tudo em nome de Jesus,
autoridade maior de onde incidiam todas as nossas diretrizes. Muitas pessoas
apresentavam comportamentos característicos de crises psicológicas, ao que
denominávamos como possessões demoníacas. Não foram poucos os casos onde éramos
acionados antes da Polícia e ao chegarmos ao local, através de orações e
confrontos espirituais, expulsávamos as entidades malignas que regiam a conduta
de uma determinada pessoa, impedindo assim que um crime ou mal maior ocorresse.
Mas na maioria dos casos, a PM era acionada antes de nós e assim as pessoas
que eram molestadas pelas entidades passaram a ser vistas apenas do aspecto
racional.
Avançando para a fase militar, eu
passei a ver a Paz Social como um ideal, e não como uma utopia. Vi-me as voltas
com o processo de combate à criminalidade, até que, já vencido pelo peso do sistema,
frustrei minhas ideologias e percebi que a opção era minha em me enxergar como um número. Ali a força do tradicionalismo imperaram sobre meus sonhos.
A todas essas comecei a perceber
que nem tudo era resolvido no processo de conversão de conduta, nos
pressupostos de um dogma de fé, e que de forma quase antagônica, também não
havia progresso só na observância de aspectos legais e morais. Logo, haveria de
existir um campo metafísico na junção dos aspectos filosóficos e
socioculturais.
Já empregado, decidi incorrer as
fileiras acadêmicas, tendo como primeira única opção a Psicologia, buscando
alento em aspecto divergente de tudo que havia experimentado.
Cansado de alguns ideais, e com
uma ânsia por saber da constituição fenomenológica da humanidade, busquei com
afinco entender e absorver cada princípio teórico que mais fazia sentido para
mim.
Com muita sobriedade procuro
distinguir os pressupostos que orientação minha atuação profissional, ao passo
que estou ainda a me encontrar no emaranhado de razões, causas e definições do
comportamento e da existência humana.
Certo é que nesse ínterim, faço
valer a máxima do caos criativo: Somente beirando uma exposição de conflitos,
posso observar melhor a tomada da ordem, ainda que interior.
Chega de viver a sombra de nossos
próprios temores... Altruísmo para mim é mais do que uma parcela de dedicação
dispensada ao próximo. É saber do próximo quem ele é para por intermédio dele
também saber quem eu sou, e assim, perceber a riqueza do movimento na gênese da
própria essência humana.
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